O dia 22 de dezembro de 2013 vai ficar marcado na história
de quem handebol no Brasil. Nessa data a seleção feminina de handebol brasileira sagrou-se campeã mundial invicta ao vencer a anfitriã Sérvia
por 22 a 20 na decisão. Foi a primeira medalha conquistada pela modalidade no
país em um Mundial. O caminho até a taça, porém, não foi percorrido apenas
nesses 17 dias de competição na Sérvia. A trajetória começou muito antes, nos
idos de 1995, quando a seleção feminina disputou pela primeira vez um Mundial,
perdeu os quatro jogos que fez e acabou em 19º entre as 20 seleções
participantes. Em 18 anos, foram muitos obstáculos vencidos. Muitos dramas.
Muitas derrotas. Muitos momentos vividos por Dara, Alexandra
Nascimento e Dani Piedade, que em 2001 e 2003, por exemplo, venciam
o Sul-Americano e o Pan-americano de Santo Domingo, mantendo a hegemonia nas
Américas, mas longe de ter qualquer reconhecimento na Europa. Aliado a isso, o
sucesso na Sérvia tem o dedo de um técnico estrangeiro, o intercâmbio no
exterior e a chegada de patrocinadores, fatores que, juntos, culminaram no
sonho realizado.
- Falo sempre. Não podemos esquecer as pessoas que começaram
esse projeto. A Zezé, que hoje comenta nossos jogos. As outras atletas do
passado também. Para as crianças, que amam o handebol, eu digo, não desistam.
Essa medalha significa nosso passado, tudo que batalhamos até agora - desabafou
Alexandra, eleita a melhor jogadora do mundo em 2012.
“É um prazer ver o compromisso delas e que essa
caminhada deu certo. Jogamos 18 jogos em dois Mundiais e perdemos apenas uma
partida. Dificilmente alguém vai bater esse recorde" Morten Soubak
A trajetória desta geração até o pódio inédito começou, de
fato, em 2009, quando o técnico dinamarquês Morten Soubak, campeão brasileiro
com o Pinheiros, no masculino, foi contratado para a seleção feminina. Morten
chegava com uma meta. Preparar a seleção para o ciclo olímpico de Londres 2012.
Nesses quatro anos, começou com um 15º lugar no Mundial de Pequim, na China,
mas em 2011 já surpreendeu com um inédito quinto lugar no Mundial de São Paulo.
Um ano depois, em Londres, nas Olimpíadas, o Brasil caía nas quartas de final
para a Noruega, que acabou campeã, mas conseguia um sexto lugar inédito também.
- Passa muita coisa na minha cabeça. Para as meninas, foi um
passeio que começou em 2009. Nesse ano, chamei 48 jogadoras para a seleção, o
que é um absurdo. Era meu primeiro ano na seleção e tive muitos problemas. Até
de jogadoras que não quiseram mais jogar pela seleção. Em 2010, foram duas
fases com as jogadoras da Europa, outro absurdo. E depois, já sabendo que
teríamos um Mundial em São Paulo, tivemos que montar um time em um ano para
2011. Montamos e chegamos as quartas de final, perdendo no último segundo. E
nas Olimpíadas, bem, perdemos de novo nas quartas. Isso estava engasgado. É um
prazer ver o compromisso delas e que essa caminhada deu certo. Jogamos 18 jogos
em dois Mundiais e perdemos apenas uma partida. Dificilmente alguém vai bater
esse recorde - disse o técnico Morten.
(Foto: Site Oficia
Serbia2013)